Conto LibaBelenense – Por Fancieli Santos
Montagem: Caboclada à libanesa - O caboclo falador e seu radinho à pilha.
Solo
teatral de Helena Cibele Campos
Francieli Santos[1]
Uma peça de conclusão de curso, realizada no pátio da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA), contou com a orientação de pesquisa de Karine Jansen, tendo como protagonista solo a aluna Cibele. A peça pretendia relatar sobre a imigração libanesa que veio para residir no Pará, mais especificamente na região costeira ao rio Guamá, o bairro jurunense. Para isso, a peça foca em contos de uma família em específico, para exemplificar a inserção da cultura, a adaptação dessa família e trazer reflexões sobre somo se deu essas imigrações, seus motivos e no que resultou todas essas decisões.
O cenário contou com a simplicidade dos elementos, sendo composto por plataformas de madeira que simulavam um pequeno barquinho ou uma canoa, duas lamparinas, garrafas pets (que representavam mais de uma coisa); no geral, posso dizer que eram elementos os quais podem ser considerados como costumeiros à população nortista. O figurino era tão simples quanto o cenário, roupas leves e grandes, como se fosse de pescadores das proximidades do Ver-o-Peso.
E para contar esse enredo, a atriz se dispôs da história dos seus próprios antepassados, e então foi narrando de forma bem intima, como se fosse um velho tiozão, conhecido nosso, contando estórias em um final de semana com a família. Esse modelo narrativo nos faz criar certa intimidade com a história contada e com quem a conta, pois não mostra nenhuma formalidade ao falar, mas se utiliza de maneirismo e trejeitos para representar o que está sendo contado.
De modo simples e leve, Cibele conseguiu tirar sorrisos espontâneos da sua plateia, em momentos que ela se propunha a imitar seus familiares, o modo que falavam e como agiam, eram realmente contagiantes, talvez por retratar características que ainda são muito presentes na comunidade belenense, levando a verossimilhanças. Havia comunicação direta com quem a assistia, ela nos convidou a ser parte do seu conto no momento em que nos ofereceu os desinfetantes como mercadoria a ser vendida, trazendo outra realidade que muito se encontrava por Belém, onde pessoas humildes, produziam de modo caseiro produtos de limpeza e saiam pelas ruas vendendo. Entre esse exemplo e outros, foi possível nos trazer memórias de uma realidade que poderia apenas está retratando o passado, que poderia ser só mais uma história familiar, mas que ainda é muito presente e recorrente na nossa cidade e na realidade de muitas famílias nortistas.
05 de junho de 2023.
[1] Graduanda do curso de Produção Cênica (2022); participante da oficina de crítica teatral "Exercícios de escrituras" – Projeto Tribuna do Cretino;
Ficha Técnica:
Dramaturgia /Concepção Cênica/Atuação:
Cibele Campos
Acompanhamento Clínico-Artístico:
Clínica do Sensível
Wlad Lima
Cenografia/Iluminação:
Ricardo Torres
Luminárias Náuticas:
Cett
Orientação de Pesquisa:
Karine Jansen